domingo, 26 de agosto de 2007

Coleção de Pessoas: Do questionário ao Facebook

Quando eu era garoto, nos idos do início dos noventa, costumavam passar questionários em sala de aula. Esses questionários consistiam de cadernos onde cada folha se dedicava a uma pergunta e suas respostas. Via isso com bons olhos, gostava de poder saber mais sobre meus colegas. Era especialmente bom para saber mais sobre as meninas, saber qual era seu status marital e do que elas gostaram. Me lembro que estes questionários inclusive eram moldados de forma a expor a vida amorosa do seu signatário. No final um recado para o dono do caderno e passe adiante.

Era talvez pela falta de tecnologia, ou pela praticidade de interagir com o papel no universo limitado da sala de aula que estes veículos de perfis faziam tanto sucesso. Não me espanta portanto que no universo de pessoas pertencentes ao Orkut exista um guande percetual de brasileiros. Já lhes era parte esse hábito de se expor ao público. E talvez esteja ai o motivo do sucesso em outros países altamente industrializados, a dificuldade de se em público é amenizada pelo meio digital.

Hoje preenchi meu perfil do Facebook. Muito interessante a interface e a adequação dela à proposta. Facebook é como os americanos chamam um análogo ao questinário brsileiro. Um livro de rostos, um catálogo de fotos anual geralmente acompanhado de uma troca de fotos e assinaturas. Um mecanísmo de estreitamento de laços afetivos em uma rede social. No Facebook.com o mecanismo é ainda mais próximo do que seria um questionário. Em verdade contém um questionário, caractrística comum às redes sociais. Identificando-se ao grupo abre-se espaço para a inter-identificação dos indivíduos, que acabam por se agrupar naturalmente por interesse. Em virtude desse fenômeno é comum aos as redes sociais é o item aglomerador de pessoas. A comunidade, a rede, a empresa, a causa. O Orkut.com possui comunidades gerais, sem formatos especiais, apenas categorias. No Facebook todas as possibilidades de agrupamento citadas estão presentes. O perfil do usuário pode conter vários quadros a sua escolha com conteúdos de mural à aplicações que mostram um mapa de onde ele já esteve. Digamos que voce acabou de alterar algo em seu perfil: uma lista de notícias sobre você, em seu perfil, será alterada mostrando "Fulano's home is now at [address]" se você alterou seu endereço de casa.
Nesse novo modelo de questionário há uma outra alteração. Antigamente cada círculo de amigas assinavam seus questionários entre sí. Ler questionários de outro grupo era penetrar-lhe a esfera de privacidade. Era informação de ouro. A medida que iam se popularizando, no decorrer de um ano, os perfis das pessoas já eram bem conhecidos e as pessoas se aglomeravam por afinidade. Não que isso nao aconteceria sem os questionários, mas eles aceleravam as coisas e permitiam uma virtualização interessante. Quando eu respondia um questionário, e creio que isso se extenda aos colegas, compunha uma narrativa de um eu imaginário, uma figura exagerada do eu, por vezes idiota, outras superegóico. Essa narrativa que já se projetava no texto lá é hiperpotencializada na internet.
É interessante que os estadunidenses tivessem um hábito mais fotográfico de agregar as pessoas. No Brasil isso não acontecia, pelo menos comigo no sul, de se ter livros anuais e trocas de fotos. Era um movimento deveras anárquico de produção de quationários cada qual com seu interesse em particular, mas nenhum com foto. Talvez pelas turmas serem pequenas, o que tornava fácil o reconhecimento fisionômico entre as pessoas, esse hábito não proliferou.
Não creio que questionários tenham sido inventados aqui no Brasil. O que quero destacar é a facilidade da adaptação desse homem cordial (vi um artigo sobre isso, alguém da da comunicação da UCPEL, e na era Recuero) e como isso ainda pode mover pessoas e interesses pessoais. Quanto a este último me refiro à intenção das pessoas que desenvolvem os questionários. O Orkut tem uma estrutura mais rígida, cunhada no relacionamento entre pessoasl e na aglomeração em comunidades. O Facebook é mais flexível, porém por padrão mostra muitos dados, expõe demais. Nós latino amreicanos é que sabemos que mal se pode fazer com o pessoal alheio. Por cá crimes relacionados à privacidade virtual abundam. O que seria então o resultado de uma migração massiva do Orkut para o Facebook. Não sei o quanto esses casos litigiosos ocorrem mundo a fora, sei de alguns casos com wikis e blog no exterior, mas em redes sociais desconheço. Talvez se o Facebook inchasse no Brasil a cultura local se refletisse na configuração dos perfis pessoais, ou na preferencia por um modelo de aglomeração, predigamos a comunidade aos moldes do Orkut. É cedo demais para dizer, prefiro esperar para saber. Uma coisa é certa, vai ser legal e inofensivo.

2 comentários:

Dona Fernanda disse...

nossa. fiz uma viagem no tempo agora. voltei pra sala de aula no primeiro andar da escola Licínio Cardoso... era muito legal!

Stela disse...

Oie!!! Vim aqui ler seu blog e sehui-lo também! que bom que achou o meu e comentou!!! =D gostei mto!
Concordo com seu comentário realmente...
Ah e mto obrigada pelas infosmações sobre o Gilmar Mendes, eu até sabia que ele tinha doutorado e talz, mas nao sabia em que! Mas só quis dizer de maneira ampla, não dele em especifico, já que nem existe faculdade de Politicagem (ainda bem por sinal né, já que alunos não iam faltar e nem prof lecionando como roubar, ou como desrespeitar o povo e se sair bem com isso!!)
Apareça sempreee
heheheh
beijoos, agora vou ler o seu!
=**